Por que escrevo?
Escrevo para não morrer.

(José Saramago)

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

FÊNIX SEM VÉU

 

Não guardarei a palavra extraída
do Véu de Fênix
ou nascida do nada, do Eco e da clareza
de Narciso...
Nem de Eros forçado de gozo e finitude.


O que levarei eu do mundo?
Pressinto rasgar
o destino nas linhas
de meu lápis para afagar a eternidade
do olhar fragmentado.

E em cada minuto
de um verso enjaulado,
torto e incompleto,
os meus pedaços de alma renascem.

Do murmúrio seco e opaco
as cinzas de Fênix imaculada transfiguram em mim
nos cacos líricos da imagem passada.

Vesti o véu de Fênix sem lirismo
Despi cada palavra no gemido
do silêncio e veias comunicantes,
até que Eros viesse sangra a voz inconclusa.